2011/07/13

"Já uma estrela se levanta"

Abri, desprevenido a televisão. Um susto. Sacralizados, uivando, em alcateia, sobre mim... "os Mercados". Antes que chegassem os analistas, os padres da nova religião, fiz zaping para o livro da Helena Pato para confirmar se "Já uma estrela se levanta".
As estrelas não se levantam assim sem mais nem menos por isso fui lendo, lendo, lendo até ao fim. Porque o livro não é grande. Porque está muito bem escrito.
Uma escrita, límpida, ora fraterna ora combativa, ora ternura ora paixão, mas sempre exemplar na entrega à causa do bem geral a revelar-nos como essa é, afinal, a causa mais útil a nós próprios, quando nós próprios somos... como a Lena é.

A Lena leva-nos pela mão, numa linguagem cativante, ao Portugal que ela viveu, que nós, os da sua geração, vivemos, o Portugal “pré-histórico” do homem de Santa Comba Dão (salvo seja, como se dizia na minha aldeia, salvo seja toda a boa gente lá da terra). Leva-nos pelas largas avenidas da solidariedade e engrandece-nos. Mostra-nos as vielas sombrias da exploração e dos crimes da ditadura de Salazar e acorda em nós a revolta que nos ajude a vencer os monstros do mundo actual.
O livro da Lena revela o que há de bom, de forte e pletórico em cada um de nós e de como a conjugação de vontades liberta a força capaz de levar à vitória, em cada dia, à nossa volta ou mais além, a liberdade e a justiça, vencendo os que, escondidos atrás da cortina de ferro dos “mercados” vêm em cada homem uma mercadoria para o seu insaciável enriquecimento e poder.
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O livro já está à venda na livraria O Círculo das Letras e talvez já por aí. Dele fala aqui a Ana Paula Fitas numa escrita belíssima. E, é claro, é referido aqui